3 anos de saudades...

Pai, hoje é domingo e não ouvi sua voz gritando logo cedo: "Tá esfriando!" só para acordar a minha mãe e eu, pra tomarmos o café.

Também não ouvi a missa logo cedo ligada na tv. Não ouvi depois a música-tema do programa "Viola, minha viola", que eu tanto reclamava com o senhor... Saudades até de ter que levantar cedo num domingo e ouvir essa música que eu achava tão irritante.

Hoje não dei risada quando o senhor trocava os nomes das coisas, porque teve dois derrames seguidos, mas não perdeu o bom-humor.

Não vi o seu olhar que me lembrava sempre que o senhor era um milagre. Tantas doenças, tantos sustos, mas o senhor sempre ali do meu lado.

Hoje minhas lágrimas correm, meu peito se aperta. Nesta 6a feira, são 3 anos...

Pai, quero que o senhor saiba o quanto eu te amo e o quanto eu rezo todos os dias para que esteja bem feliz aí no Céu. Estou fazendo o que posso aqui na Terra pra não te envergonhar, pra te dar orgulho. Não consigo sempre, pra ser sincera, não consigo quase nunca. Erro muito, faço bobagens, caio...

Minha única certeza é de que vivo pela fé em Deus. Vivo porque sei que estás bem, que estás no Céu, rodeado de Bondade e Amor.

Pai, desculpa se te deixo triste quando choro de saudades aqui embaixo. O mundo ficou um pouco maior depois que te fostes. Ou será que fui eu que encolhi? Sinto falta do seu colo, do seu abraço...

Tenho ido toda semana na missa, pai. Sei que isso te deixaria muito feliz. Também tenho cuidado da minha mãe, como tu gostarias que fosse.

Pai, só quero te dizer que não encontro palavras pra te dizer o quanto o senhor me faz falta nas pequenas coisas do dia a dia. Esse recado, eu sei, vai chegar até o senhor. Deus vai te contar tudo isso, e sei que o senhor vai sorrir. Talvez uma lágrima escape também (se sou chorona, herdei de alguém, não foi?), mas a eternidade é um tempo enorme pra matarmos as saudades... Me espere aí, até o dia em que Deus me encaminhar de novo ao teu abraço...

Te amo, pai... Ou, só pra matar as saudades do meu bordão de todos os dias, quando olhava o senhor e minha mãe: "Amo tanto um como o outro". Até um dia...